Tenho tido a oportunidade neste estágio da vida de praticar o Karatê, a arte das mãos vazias. Um sonho de minha adolescência que não morreu e agora se concretiza. Tenho tido também a oportunidade de dar ao meu filho de 10 anos a possibilidade de treinar tal arte.
Dia destes observava o treinamento dele junto com outras crianças na academia. Nesta observação, fiquei a refletir a maneira com que fomos ensinados e como ensinamos as crianças em nossa sociedade.
Recebi, e creio que muitos de vocês também, uma educação que tinha como objetivo principal a competição. A frase de que no mundo do trabalho e na sociedade, precisamos competir, precisamos ser melhores todos os dias, é preciso vencer, vencer e vencer, ainda ecoa no tempo.
Acontece porém, que tal modo de vida, pode muitas vezes nos cegar. Pode e causa em muitas situações, um empobrecimento no nossos modos de enxergar o mundo e as pessoas ao nosso redor. Pensemos por exemplo o auge das redes sociais na contemporaneidade. Milhões de pessoas criam conteúdos digitais todos os dias. No Instagram, cerca de 96 milhões de fotos são postadas por dia. Um busca frenética por sermos vistos, por likes. Mas o sentido controverso de tudo isto, é que na maioria das vezes, a busca por ser visto, impede que se veja. E assim poucas pessoas param para ver e valorizar, nem que seja com um like, o bom conteúdo que um colega criou, e ai retorno a minha observação realizada durante o treinamento das crianças no Karatê.
Durante o treinamento das crianças, há algumas situações competitivas. Algumas atividades que as motivam de maneira saudável. Numa destas brincadeiras, o professor promovia a atividade de pular cordas, e havia ali uma competição de quem pulava mais vezes. Naquela atividade, observei que as crianças vibravam quando conseguiam superar o colega, e dai voltavam para a fila. Mas ai a surpresa, quando um outro colega que estava pulando, superava o record e continuava, as demais crianças que estavam na fila, vibravam junto a ele e junto ao professor, realizavam a contagem vibrando com a vitoria do amigo, uma atitude que me encheu de orgulho e colocou a pensar sobre nossa responsabilidade enquanto educadores, enquanto transmissores de conhecimento.
Olhando as crianças, podemos compreender a beleza da cooperação, um prazer a meu ver, imensamente superior a competição. E questiono: Competir ou Cooperar ? Ou ambas podem coexistir?
Creio que sim. Que possam coexistir. Acredito na possibilidade e na capacidade que temos de competir mas também de vibrarmos com o sucesso de nossos parceiros, contribuindo inclusive para o desenvolvimento em comum.
Sigamos...
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