Resenha
Crítica do Episódio Três da série Sherlock Holmes, SEU ÚLTIMO JURAMENTO, 3ª Temporada.
Famoso
por investigar e solucionar diversos crimes, neste episódio Sherlock terá
algumas surpresas, uma delas ocorrida no episódio anterior quando seu fiel
escudeiro, o médico Dr. John H. Watson resolve se casar e chama Sherlock para
ser o padrinho. A partir de então a relação de Sherlock e de Dr. Watson
pareceria que teria mudanças radicais com a nova vida de casado de um membro da
dupla, porém, no próximo episódio voltam a se encontrar em um caso
surpreendente.
Para
quem não acompanha a série, vale a pena voltar um pouco no tempo para lembrar
quem são nossos personagens. Sherlock é um detetive habilidoso em solucionar
casos complexos. Sua vida gira em torno de seu trabalho e, embora o mesmo se
saia muito bem no que faz, prestando inclusive diversos trabalhos para a
polícia e para o governo, seu trabalho não possui vinculo com nenhuma
organização. Por muitos Sherlock é considerado um herói, outros acreditam
que no fundo Sherlock é um psicopata, de certa forma o mesmo já se vê como um,
pois o próprio se identifica como um “Sociopata Funcional”. John Watson é um
médico veterano de guerra que, após vivenciar diversas situações em campo de
batalha, fica abalado emocionalmente e é afastado para se tratar com um
psiquiatra e realizar também um processo de psicoterapia. Logo após ter sido
afastado dos campos de guerra, Dr. Watson veio a conhecer o detetive Sherlock e
seu trabalho. Dr. Watson encontra então ali uma nova motivação para sua vida
tornando-se parceiro inseparável do grande Sherlock Holmes, o encontro e a
motivação foram tão intensos que Watson passa a não mais precisar frequentar
seu psicólogo e seu psiquiatra, pois encontrou um novo sentido para a vida.
Após
um tempo trabalhando com Sherlock, John se casa. A partir de então parecia que
a vida dos dois mudaria. Separados, Sherlock começa a investigar um novo caso
sozinho, porém o destino os uniria novamente. Já Dr. Watson, levando uma vida
familiar, fazendo um papel de bom vizinho aonde mora, vai até uma área suburbana
onde usuários de drogas viviam para resgatar o marido de sua vizinha. No local,
qual foi a surpresa de Dr. Watson ao encontrar ali, seu amigo, Sherlock
possivelmente se consumindo no uso de entorpecentes. Mas Sherlock não estava
ali por acaso. Tratava se de um disfarce para investigar um novo caso, uma
intrigante historia de um poderoso dono de jornal que mantinha pessoas da alta
sociedade como reféns por ter informações privilegiadas sobre as mesmas em seu
poder. Um novo caso, isto era o que faltava para tornar a unir a dupla de
investigadores.
Chegamos
então ao ponto chave o qual desejo destacar nesta resenha. Durante a
investigação do novo caso, Sherlock e Dr. Watson desafiam o poderoso chefão,
porém, o alvo nesta investigação, era também alvo de muitas pessoas. Neste
caso, surge então de forma surpreendente mais alguém que deseja por fim ao
poderoso dono do jornal. Para investigar seu alvo, Sherlock, com a ajuda de Dr.
Watson, invade o escritório deste e, para sua surpresa, já havia alguém a sua
frente, alguém da um tiro em Sherlock deixando-o em risco de morte, este alguém
é nada menos que a esposa de seu fiel escudeiro, Dr. John Watson.
Sherlock,
após se recuperar, trata de investigar quem é então a esposa de seu amigo e
descobre que, assim como ele, trata-se de alguém que presta serviços a parte no
âmbito criminal, ao que parece, uma antiga espiã de serviços de inteligência.
Fiel a seu amigo, Sherlock revela a Dr. Watson a verdadeira face de sua esposa.
Indignado, Dr. Watson se vê então frente a um dilema. Como ele pode em sua vida
tomar este caminho? Primeiro se tornando um soldado de guerra, depois,
consecutivamente se envolver numa relação com dois “psicopatas”, sociopata
funcional, lhe corrige Sherlock. Mas o próprio Sherlock vai lhe apontar como
isto ocorreu mostrando que John é viciado em certo estilo de vida, é
absolutamente atraído por situações e por pessoas perigosas e que ele fez em si
tais escolhas. Pergunto-me então, teria John Watson realmente feito tais
escolhas?
Tratando-se
de uma obra de ficção, não encontrei informações que me indicassem de forma
clara qual a origem deste personagem, muito vagamente encontro informações no
site Wikipédia que dão conta de que John Watson, quando criança, perdeu um
irmão devido a problemas com bebidas, ficou órfão de mãe ainda criança e ter se
mudado então para a Austrália onde passou parte de sua infância mudando-se
posteriormente para a Inglaterra para completar seus estudos.
Conforme
já dito, pouco temos de informações sobre a infância deste personagem, o que nos abre possibilidades para pensarmos
sobre o assunto. O que aconteceu em sua infância? Como era a vida de seus pais?
Houve perdas? Sim, parece que sim. John vai então para a Austrália e depois,
para Inglaterra, o que buscava? O que Buscamos?
John
Watson mostra-se então um ser desinquieto e que se coloca sempre em situação de
perigo. Freud (1925) no texto Inibições, Sintomas e Ansiedade, nos diz que “...há duas formas como a ansiedade pode
surgir: de uma maneira inadequada, quando tenha ocorrido uma nova situação de
perigo, ou de uma maneira conveniente, a fim de dar um sinal e impedir que tal
situação ocorra” Freud, 1925, Pág. 158. Na trama ora estudada nesta
resenha, nos não podemos ter claramente quais as situações de perigo ocorridas
no passado, mas podemos ver claramente que John Watson segue repetindo e se
colocando numa nova situação de perigo. Parece que o mesmo vive uma ansiedade
que o coloca nesta situação para evitar que algo aconteça, ou para reviver uma
situação, de qualquer forma não possuo elementos que me possibilitem chegar a
uma conclusão, nem mesmo a possibilidade de ter John para uma conversa.
A
questão que fica então, e que para muitos pode vir a ser útil é: Realizamos em
nossa vida alguma escolha? Ou estamos impelidos a uma sequência de repetições a
atos que realizamos sem um mínimo de consciência. Penso haver sim
possibilidades para que se possa ter um pouco de autonomia, mas tal autonomia exigirá do sujeito um mínimo de esforço,
algo que, na contemporaneidade, parece que cada dia menos pessoas estão
dispostas a pagar este preço. Um mundo onde pessoas preferem se dopar de diversas
formas, a se haver com suas questões pessoais, se é escolhem isto...
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