CONFLITO DE IDENTIDADES NO RELACIONAMENTO ENTRE HOMEM E MULHER NAS RELAÇÕES CONJUGAIS.
Reflexão
realizada a partir da leitura do Texto `` EM DEFESA DA FAMÍLIA TENTACULAR´´ de
Maria Rita Kehl, Psicanalista, escritora e doutora em Psicanálise pela PUC-SP.
Conforme
enunciado pelo artigo tomado por base para esta reflexão, o modelo familiar que
hoje se segue, teve inicio em meados do século XIX, sendo criado para atender
as necessidades da sociedade Burguesa em ascensão, neste período estabelece-se
o modelo patriarcal, hierarquicamente o homem é o detentor do poder, a mulher
exerce um papel submisso financeiro e sexual, mas este modelo sofrerá
alterações ao longo dos tempos, a mulher conquista sua independência financeira
em função de sua inserção no mercado de trabalho, e também sua independência
sexual, tendo para isto contribuído notoriamente a descoberta de técnicas
anticoncepcionais, permitindo que a mulher também buscasse seu prazer, mas esta
emancipação sexual e profissional da mulher trás consequências, Elsa Berquó,
autora citada na obra, afirma que : ´´Casar, ter filhos e se separar, leva cada
vez menos tempo``. Outro fato citado é que, atualmente, há um número maior de
mulheres sozinhas com filhos para criar, este novo cenário propicia novas
formas de vida onde não se alterará a necessidade de homens e mulheres se
relacionar e criarem filhos, porém, surgem novas possibilidades, a mulher não
mais precisa estar submissa ao homem, ela adquiriu sua independência, por outro
lado o homem perdeu seu poder, tornou-se, digamos, domesticado, não é mais o
senhor da verdade como outrora o fora, agora o homem também exercerá papeis
anteriormente destinado à mulher, cuidar do lar e dos filhos, dividir as
tarefas, o homem participa deste processo
mas, ainda não está completamente adaptado a ele, sentirá falta de ser o senhor do lar,
sentirá até mesmo falta do cuidado que a mulher lhe dispensava anteriormente,
em outra via, a mulher adquire sua independência, mas perde a proteção de estar
dentro do lar, de ter a proteção do marido, seu papel de mãe e cuidadora não é
mais o mesmo, visualizando o modelo anterior, em diversos momentos ela o
desejará, existe ainda outro fator de grande influencia, a sociedade, esta vem
com diversos discursos, posicionar-se a favor do modelo familiar anterior,
apontando os diversos problemas sociais existentes como consequência de tais
mudanças estruturais, como se a família fosse a única responsável pela
manutenção da ordem social, não ampliando seu olhar para outros fatores
existentes, colocando sobre o indivíduo uma sensação de insegurança, mal estar
e desconforto para consigo mesmo, tendo este dificuldade para estabelecer-se em
um novo modelo existente, traçando paralelos entre presente e passado, em suma,
a dificuldade de adaptação do novo modelo, se dará em função de pressões
externas exercidas, caso o homem não possuísse uma ideia anterior, os novos modelos seriam tranquilamente
aceitáveis.
Muito
embora as relações conjugais mudem ao longo dos anos, o sujeito homem, no
sentido genérico do ser, apresenta ao longo dos processos uma contínua
necessidade de se estar em um relacionamento, mas, não se encontra mais preso a
ele, adquiriu-se a liberdade de escolha e de mudança, este sentimento de liberdade
faz bem a estima do ser, mas é reprimido
pelos costumes sociais, esta repressão causa angustia ao indivíduo
moderno, isto, referindo ao fato de que, alguns indivíduos, ainda se encontram
situados em um contexto anterior, onde mulher e homem exercem papeis distintos
dentro do relacionamento, estes exemplos tornam se cada vez mais escassos,
tendendo a sociedade nas próximas décadas a alcançar um nível maior de
aceitação para os novos modelos familiares o mesmo acontecendo com as relações
homossexuais, livrar-se de todo tipo de preconceito e julgamentos, é algo que
fará bem ao homem, a família, e a sociedade, tais sentimentos e atitudes fazem
mal a todos, inclusive no quesito família, um filho, o qual conviveu com a
separação dos pais, pode ter uma aceitação melhor da situação e ainda se
adaptar melhor ao contexto de família tentacular caso não sofra pressão social
sobre si, juntamente a eles, os pais terão maior liberdade para exercer seus
papéis e, paralelemente, reconstruírem suas vidas, assim, o apego ao passado e
suas tradições, mostra-se notoriamente contra quem a ele se apega, devendo ser
visto sim, como construção de um processo, e não como um processo já
construído.
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