O irmão de um amigo meu passa mal, ele o leva ao hospital para uma consulta médica, os sintomas são: Tremores, sudorese, dor torácica e outros, após ser medicado com um calmante o mesmo se estabiliza, trata-se de um etilista crônico, sem muitas perspectivas na vida e situado em um contexto social que o encaminhou a tal situação.
Após o fato ocorrido, ouço de meu amigo a seguinte afirmação:
´´ É só Deus para dar um jeito, ele tem que ser levado para a Igreja ``.
Sei que esta não é a primeira vez que tal situação ocorre,
conheço o caso a alguns anos e sei também que outras vezes já tentaram, em vão,
resolver o problema citado buscando Deus através da religião.
É só Deus, esta afirmação ecoa em meus pensamentos, não
duvido do poder de intervenção milagrosa divina, acredito no poder de cura
através de Deus, mas se Deus pode, então porque este rapaz encontra-se nesta
situação, ele já foi para a Igreja um tempo atrás e continua na mesma, por que
o problema não se resolveu.
Reflito sobre o caso, sobre a presença de Deus como forma de
cura e sobre a intervenção religiosa, creio no poder de Deus, mas, quanto à
intervenção religiosa, vejo sua necessidade e sua importância, porém a forma em
que a mesma leva o ser a Deus ou vice versa, é passível de ser questionada em
alguns seguimentos.
Quando o indivíduo vai a Igreja buscando encontrar se com
Deus ele busca, igualmente, a solução para um conflito interior ou a solução
para outro problema qualquer, no interior da instituição religiosa o mesmo será
acolhido, este acolhimento é algo bom e que, em alguns casos, resultará
positivamente na vida desta pessoa, receberá o amparo de um grupo social e
junto dos mesmos rogará a Deus pela solução do problema enfrentado. Neste
contexto, aquele que vai a busca de uma solução, viverá naquele meio a espera
de uma solução, com o passar do tempo, se esta solução não ocorre como se
esperava, o mesmo volta então ao seu estagio inicial, ou em alguns casos pior
que antes.
A proposta realizada por alguns seguimentos do pensamento
religioso me parece equivocada
quando, apresenta ao ser, um Deus pré-moldado, apresentar um Deus desta forma é
o mesmo que apresentar uma proposta de alienação, é impedir o ser de pensar e assim impedi-lo de se encontrar com
Deus no seu interior. Outra forma em que
o pensamento religioso apresenta Deus é através do milagre, um Deus que, como
em um conto de fadas, realiza tudo em um piscar de olhos, como este fato não se
dá, ocorre a descrença em Deus e na religião, ocorre ainda a descrença pior, a descrença em si mesmo.
Em um mundo contemporâneo onde o conhecimento se expandiu, as
tecnologias e as ciências evoluíram, faz se necessário também à evolução do
pensamento religioso, é preciso uma reformulação do conceito de como se
apresentar Deus ao homem, seria melhor que se apresentasse o homem a Deus e a
partir dai permita que ele o conheça, penso ser importante a revolução deste
pensamento, ou melhor, a evolução do mesmo, é algo primordial ao futuro da
teoria religiosa, esta é importante para o ser e para a sociedade e é bom que
siga seu proposito no universo.
Temos visto algumas religiões perderem muitos adeptos ao
longo do tempo e outras arrastarem multidões, é preciso cuidado, pois, em
muitos casos, estas que atraem multidões, aproveitam da condição miserável do
ser e o torna escravo da mesma e de sua doutrina, pode se constatar este fato
na história, na idade média a Igreja era a grande detentora de bens e, uma
grande massa lhe servia, hoje algumas Igrejas possuem fortunas e arrastam
multidões, não estariam elas vendendo indulgencias de uma forma diferente ?
Deixo as resposta por conta de quem fizer esta leitura, um abraço a todos.
Um comentário:
Belo texto! Por incrível que pareça, mesmo achando que a Psicologia tenta pegar pra si os méritos divinos, entendi o seu texto e concordo. Pois também acho que a Igreja, querendo mostrar a grandeza de Deus, acaba creditando ao demônio muitas consequencias de ações humanas. Penso que "apresentar o homem a Deus" é essencial, quando em casos psicológicos e espirituais, mas também acho irônico levar um etílico crônico pra Igreja e não tirá-lo das noites regadas a cerveja. Ou em outros casos, querer curar a pessoa e continuar entupindo-a de coisas negativas e perversas. Eu, simples mortal medrosa, conheço o fato acima e assumo ser, casos como estes, o meu calcanhar de aquiles. Mas é assumindo minhas fraquezas que estou conseguindo me assumir como sou e me afastar das coisas que, me afastando de Deus, também me afligem psicologicamente.
No mais, mantenha o seu blog que tá bacana. Bjs
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