quarta-feira, 14 de novembro de 2012

VENDE-SE MILAGRES

                                                                                                    
Vivemos, e não há como negar, em um mundo impulsionado pelo capitalismo, se observarmos bem, tudo ao nosso redor é impulsionado pelo mesmo, penso ser este a origem de diversos males vividos por nossa sociedade, mas, não é o que aqui desejo enfatizar, o que me impulsiona a escrever este é quando vejo culturas religiosas utilizando, o que eu chamo aqui de `` venda de milagres´´ com o intuito a se adquirir status perante a população e, desta forma, ganhar  audiência na mídia audiovisual.

Durante a idade média a Igreja católica promovia a venda de indulgencias, há 493 anos, no dia 31 de outubro de 1519, Martinho Lutero fixou suas famosas teses (total de 95) contra a venda de indulgências, na porta da Igreja Católica do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, contrariando os interesses teológicos e, principalmente, econômicos da Igreja Católica. O impacto foi tamanho, que se comemora nessa data o início da Reforma Protestante a qual se propagou mundialmente, no Brasil, segundo pesquisa do IBGE, o número total de evangélicos protestantes é de 42.275.440, apresentando um crescimento de 61,45% ao ano.

Não sou contra o protestantismo, reconheço coisas boas praticadas dentro das instituições Evangélicas bem como no Catolicismo, o que critico é a propagação de uma cultura de milagres, e não se trata apenas do meio protestante, há também em alguns seguimentos católicos, porém este fenômeno é mais enfático no protestantismo, hoje ocorre um verdadeiro fenômeno de programas evangélicos na TV aberta sendo rede Record, RedeTV e Bandeirantes os principais canais a exibirem tal programação, nestes momentos enfatiza-se certos milagres e curas os quais não acredito ocorrerem da forma a qual é propagado, vejo tais situações como um forte charlatanismo, um grave abuso da humildade de uma grande massa em situação frágil, todos nós, em algum momento da vida, passaremos por uma situação onde parecerá não haver solução para um determinado problema, é este o momento em que se aproveitam da sensibilidade do ser, oferecendo-lhe um novo olhar, a esperança de um milagre, não duvido dos mesmos, mas o que se ocorre é a escravização do ser em função destes levando-o a abandonar em alguns momentos a própria vida e os tratamentos oferecidos pela medicina, agarrando-se em propósitos, correntes de oração e fé promovidos pelas entidades.

Vivemos em um país com um atraso cultural gigantesco, quando um pregador, com um discurso persuasivo, vai à frente de um canal de TV difundir a orientação religiosa da qual faz parte, apresentando  um suposto milagre divino como prova de sua razão, milhões de telespectadores estarão do outro lado da tela, estes milhões os quais cito, não possuem, em sua maioria, um mínimo de opinião crítica a qual o possibilite visualizar tal contexto, trata-se de uma massa sofrida socialmente e, diria, psicologicamente fragilizada, tornando-se presa fácil aos meios de comunicação, da mesma forma em que a mídia vende uma Coca-Cola, as denominações  religiosas vendem seus milagres, a troco  de audiência, vendendo ali sua marca, promovendo o que funciona categoricamente de forma empresarial, movido pelo mesmo capitalismo citado no inicio deste escrito.

Tal situação encontra se enraizada em nossa sociedade, vejo que, em curto prazo, pouco se pode fazer, assim como em diversos outros problemas sociais existentes. Precisamos difundir melhor a necessidade para uma revolução na educação em nosso país, penso ser inútil esperarmos por grandes feitos por parte do poder público, o que poderá trazer resultado positivo na qualidade de vida da população Brasileira nas próximas décadas é a mudança no modo de pensar do jovem adulto de hoje, uma maior abertura para as questões socioculturais e maior incentivo à leitura, somos reflexo do passado e reflexo para o futuro, sejamos a mudança que desejamos, um ser livre das opressões  sociais impostas, sejam elas religiosas ou não, se hoje, gozamos de certa liberdade, foi porque um dia alguém a desejou.

Grande Abraço.

 

 


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