Palavras Chave: Desigualdade Social. Copa do mundo 2014. Saúde. Educação.
Está
difícil para quem tem acesso apenas a canais de TV aberta ter acesso a alguma
programação que não trate de alguma forma sobre futebol. O assunto que é
empurrado goela abaixo é a copa do mundo realizada no Brasil. Os canais de
maior poder na mídia Brasileira tentam a todo custo vender a imagem de uma
torcida empolgada, maravilhada com a realização de tal evento, buscam mostrar
ao mundo, e também ao povo Brasileiro, que tudo transcorre a mil maravilhas.
Desta forma, aqueles que têm acesso apenas a esta mídia, acabarão por comprar
esta imagem, acreditar neste Brasil das fantasias, aquela velha história, a
pata bota o ovo maior que o da galinha, porém, como a galinha faz toda a
propaganda de que botou um ovo, a pata passa despercebida.
Durante
o transcorrer desta copa, as manifestações que se previam foram sufocadas, seja
pelo poder de coerção através das propagandas, seja devido à intimidação
imposta através de grandes contingentes policiais colocados nas ruas, as poucas
reivindicações que surgiram não ganharam força, tampouco tiveram destaque na
mídia. Assim se transcorre este evento sem mais complicações, estaria tudo maravilhoso,
caso não olhássemos para os fatos recorrentes que continuam se arrastando por detrás
dos cenários montados para esta grande novela, e é isto que me motiva a escrita
deste. Enquanto a mídia mostra os estádios lotados, 50 a 60 mil expectadores
dispostos a pagar ingressos na casa dos
900,00 a 1000,00 reais, outros milhões estão a espera de atendimento médico nas
filas dos hospitais das redes públicas. Não posso, e não consigo olhar
empolgado torcendo por uma seleção Brasileira, ao mesmo tempo em que chego com
pacientes dos hospitais e Upas e não tenho onde deixa-los de forma digna, às
vezes tendo que tirar um paciente de uma cadeira de rodas, pedindo-o que se
locomova pulando com um pé só, a fim de colocar outro que sequer consegue deambular,
esta é a realidade do país da copa que aqui desejo enfatizar. Uma realidade que
eu, e outros muitos amigos que trabalham no APH, vivenciamos diariamente.
Felizmente,
ou infelizmente a copa que vejo, não é a mesma copa que a mídia mostra.
Felizmente, pois observo que muitas pessoas não se deixam enganar por este
teatro, infelizmente, pois poderíamos nos orgulhar mais deste país intitulado do
futebol, mas que amarga péssimos resultados em saúde e educação quando comparado
a outras nações. Enquanto tv`s mostram
uma população empolgada, vejo alguns poucos veículos com bandeiras de meu país
circulando pelas vias desta cidade. Alguns poucos bares se deram ao trabalho de
investir em decoração verde amarela. Poucas casas e poucos prédios se dão ao
trabalho de pendurar bandeiras em apoio à seleção Brasileira de futebol. A
mídia insiste fortemente em mostrar a empolgação do povo Brasileiro, esta é a
forma de se fazer com que outros tantos Brasileiros, vendo a imagem que se
mostra, venham a esquecer das reais situações que vivemos.
Felizmente,
mesmo em meio aos fracos movimentos de manifestações que ocorreram neste
momento, podemos observar que alguma coisa mudou. Nosso povo não mais se
empolga com tanta facilidade, talvez surja ai uma nação mais pé no chão, pode
ser inclusive que desta nova geração, surjam novos políticos com novos valores,
mais comprometidos com esta nação que com os sistemas políticos e
capitalistas que ditam os rumos deste país. Utopia? Talvez sim, talvez não.
Prefiro desta forma torcer por um Brasil campeão, não no futebol, embora o
reconheça como forma de lazer, mas um
Brasil campeão na redução de desigualdades sociais, que valorize mais os
profissionais da educação e saúde, que se erga sobre sólidos e verdadeiros
pilares, que de a esta imensa nação o verdadeiro orgulhe de bater no peito e
dizer: Somos campeões.
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