Palavras Chave: Viver, Ser feliz, Capitalismo, Falta de tempo.
Recentemente redigi um texto
sobre a questão do tempo, na ocasião citei a opinião de um chefe indígena a
respeito do modo de vida do Papalagui, ou seja, o homem branco Europeu.
Em minha dissertação,
explorei sobre os modos de vida atuais, sobre a correria do dia a dia, sobre
como o homem vive em uma ânsia pelo futuro, não se permitindo ser feliz no
tempo presente, sempre estando insatisfeito com o que se tem hoje, sempre
desejando algo mais, desejando que um dia se acabe para que chegue logo o
outro, desejando o fim de um ano, para que o outro chegue, nunca está
satisfeito, este fato torna o homem ansioso, sendo está ansiedade um fator
negativo à felicidade.
No livro, O mundo como vontade e representação, Schopenhauer
afirma: ´´Porquanto cada aspiração nasce
duma necessidade, dum descontentamento com o próprio estado, existe, portanto,
sofrimento até que tal aspiração não seja satisfeita, mas não existe satisfação
durável, esta não é senão o ponto de partida duma nova aspiração. ´´ Afirma
assim que o homem é cheio de desejos, os quais nunca são finitos, sendo que um
desejo realizado sempre produzirá outro, que a satisfação é passageira, sempre desejará algo mais, já Tuiávii, o referido chefe indígena do livro O
Papalagui, escrito entre 1914 e 1915, criticava veementemente a cultura
europeia, os modos capitalistas e a forma que se vivia em função do tempo e do
dinheiro, nos dias atuais, com a cultura que se vive, dificilmente se livrará o
homem dos costumes consumistas estabelecidos pelo capitalismo, o modo de se
viver defendido por Tuiávii não poderá ser estabelecido, somos uma sociedade
consumista, mas, este não deve ser um empecilho a felicidade do homem, hoje,
penso não ser possível abandonar as ambições quotidianas, penso inclusive não
ser bom que o homem se acomode, é preciso sonhar, é preciso desejar, inclusive
desejar viver, há casos em que o ser se acomoda na vida, caindo em um estado
que adoece, impedindo o homem de caminhar, vivendo a mercê da sociedade, muitas
vezes em condições subumanas.
Frente aos fatos apresentados
surge então uma questão, é possível ao homem ser feliz sem abandonar os anseios
promovidos pelo capitalismo?
Numa sociedade ambiciosa e
consumista, poderá o indivíduo desenvolver um quadro de ansiedade pelo futuro,
querendo sempre mais e mais, como o caso do ser descrito por Schopenhauer,
podendo ainda em alguns casos desenvolver um quadro de frustração por não
conseguir chegar a um estado de plenitude, por este ângulo, parece bom à
felicidade, que o homem se desapegue de bens materiais, parece melhor um modelo
social conforme o vivido por Tuiávii e sua tribo, porém, um modelo social
conforme defendido por Tuiávii não me parece possível de ser implantado nos
moldes do mundo atual, hoje, se o homem não correr atrás, não conseguirá se
estabelecer socialmente, viverá a mercê da sociedade, conforme já dito
anteriormente, estabelece assim a problemática, como se posicionar frente as
questões propostas, se deixar levar pelos anseios consumistas corre se o risco
de se frustrar ou se tornar ansioso, deixar de lado uma cultura capitalista
poderá fazer do homem um ser acomodado, isto colocará este ser em uma casta
inferior, isto do ponto de vista da própria sociedade capitalista, como então
se posicionar em busca da felicidade ?
Ser feliz é um estado de
cada ser, uma resposta aqui sobre como ser feliz pode não ser viável, cada ser
é uno, devendo ser respeitado em sua individualidade, encontrando cada qual a
seu modo, uma forma de ser feliz, entretanto, dentro do tema proposto, penso
não ser bom que o homem esteja acomodado, o comodismo o impede de viver, frente
aos desejos capitalistas, penso ser preciso se posicionar de forma adequada, os
desejos consumistas não são o grande pecado, o que deve ser evitado é que, em
função de se desejar algo mais, não se enxergue o que se tem, em função de um
novo ano que chega, despreze o tempo presente, viver em função do futuro pode
ser um sinônimo de não viver, se não vivo o hoje, o agora, na realidade, não
vivo, desejar ardentemente o futuro pode se tornar um ciclo viciante e sempre
estará o ser em função deste, podemos aqui encaixar o conceito do chefe Tuiávii
sobre o tempo, pensar menos no tempo e viver mais o tempo, cada um a seu modo,
seria demagogia a afirmação popular que diz: `` Não importa o que o homem
tenha, importa o que ele seja.´´, somos em parte o que temos e o que carregamos
culturalmente, importe enxergar este fato, assim, procurando aqui não criar uma
fórmula para a felicidade, reflito e opino, deseje e busque o que de melhor o
mundo lhe puder oferecer, apenas não se esqueça, o amanhã ainda não existe,
viva o presente.
Referência bibliográfica:
Versão
eletrônica do livro quatro (4) da obra “O Mundo como Vontade e Representação”
Autor:
Arthur Schopenhauer
Tradução:
Heraldo Barbuy
Créditos
da digitalização: Membros do grupo de discussão Acrópolis (Filosofia)
Homepage
do grupo: http://br.egroups.com/group/acropolis/
Nenhum comentário:
Postar um comentário