Após oito anos a frente da
Igreja católica, Bento XVI surpreende o mundo ao anunciar que renuncia ao
papado, alega para tal, reconhecer-se com dificuldades em permanecer como chefe da Igreja, visto encontrar-se em idade avançada e sem forças
para acompanhar as mudanças ocorridas mundialmente, as quais, segundo o mesmo,
são de grande relevância para a fé.
Joseph Ratzinger, de origem
Alemã, veio a assumir o papado no ano de 2005 após o falecimento de João Paulo
II, escolheu para seu nome papal Bento XVI, fazendo assim uma homenagem a Bento
XV, fato este que desde então mostrava sua tendência ao conservadorismo no
campo dos costumes.
Apesar dos discursos
promovidos pela Igreja católica de amor, respeito e apoio a Bento XVI, o falecimento
de João Paulo II após 27 anos a frente da Igreja Católica deixou uma lacuna na
evolução do catolicismo, João Paulo era considerado uma papa peregrino, foi o
primeiro papa a visitar uma sinagoga, a entrar em uma mesquita num pais
islâmico e o primeiro a promover um encontro de líderes das maiores religiões
mundiais, em um esforço ecumênico visitou o muro das lamentações, um dos locais
mais sagrados do judaísmo.
Ao assumir o local daquele
que até então era reconhecido como o grande Papa, Bento XVI era visto de forma
reservada pela população, seu histórico de conservador não era bem visto
mundialmente, após oito anos à frente da Igreja católica, Bento XVI anuncia sua
renúncia, e o faz de forma inteligente, usa para tal um discurso de que não
possui mais forças para continuar seu papado, faz referência ao fato de o mundo
estar num processo de mudanças às quais são fundamentais para a questão da fé,
assume não estar preparado para tais mudanças. Ao fazer este discurso, Bento XVI
reconhece sobre tudo a necessidade que a Igreja possui de acompanhar as
mudanças mundiais, penso que, caso as religiões não abram suas portas
efetivamente, principalmente para aqueles que pensam de forma diferente, para
questões como a união Homossexual, o celibato para os padres, no caso do
catolicismo, o desenvolvimento científico e outras questões mais, estarão as mesmas fadadas ao declínio, declínio este que se mostra
notoriamente no catolicismo, fica nos então a pergunta: Quem seria o novo papa
e qual o seu perfil ?
Partindo do pressuposto de
que o alto clero compartilhe de ideais de mudanças e transformações, estejam
cientes sobre as mudanças ocorridas mundialmente, pode ser que o mundo seja
presenteado com um papa mais jovem, com uma mentalidade aberta para receber as
mudanças e nortear os caminhos da religiosidade católica, este seria um grande
ganho para o mundo e, sobretudo, para o catolicismo, porém, vejo com pouca
chance esta possibilidade, visto que, assim como em outras instituições, a
escolha de um papa está impulsionada por interesses políticos, creiam, estes
serão fundamentais na escolha do novo papa.
Assim fiquemos na
expectativa por este momento, torcendo para que o escolhido venha com toda
sabedoria coordenar e guiar os passos do catolicismo em um mundo onde as coisas
mudam rapidamente conforme dito pelo próprio Bento XVI, ciente que, com as
mudanças ocorridas, valores até então imprescindíveis, já não fazem mais tanto
sentido, é preciso algo novo, uma nova forma de colaborar para o
desenvolvimento humano e sua espiritualidade.
Um Abraço.
Valter Fernandes Ferreira.