domingo, 1 de janeiro de 2017

FAZEMOS ESCOLHAS ?


Resenha Crítica do Episódio Três da série Sherlock Holmes,  SEU ÚLTIMO JURAMENTO, 3ª Temporada.

Famoso por investigar e solucionar diversos crimes, neste episódio Sherlock terá algumas surpresas, uma delas ocorrida no episódio anterior quando seu fiel escudeiro, o médico Dr. John H. Watson resolve se casar e chama Sherlock para ser o padrinho. A partir de então a relação de Sherlock e de Dr. Watson pareceria que teria mudanças radicais com a nova vida de casado de um membro da dupla, porém, no próximo episódio voltam a se encontrar em um caso surpreendente.
Para quem não acompanha a série, vale a pena voltar um pouco no tempo para lembrar quem são nossos personagens. Sherlock é um detetive habilidoso em solucionar casos complexos. Sua vida gira em torno de seu trabalho e, embora o mesmo se saia muito bem no que faz, prestando inclusive diversos trabalhos para a polícia e para o governo, seu trabalho não possui vinculo com nenhuma organização. Por muitos Sherlock é considerado um herói, outros acreditam que no fundo Sherlock é um psicopata, de certa forma o mesmo já se vê como um, pois o próprio se identifica como um “Sociopata Funcional”. John Watson é um médico veterano de guerra que, após vivenciar diversas situações em campo de batalha, fica abalado emocionalmente e é afastado para se tratar com um psiquiatra e realizar também um processo de psicoterapia. Logo após ter sido afastado dos campos de guerra, Dr. Watson veio a conhecer o detetive Sherlock e seu trabalho. Dr. Watson encontra então ali uma nova motivação para sua vida tornando-se parceiro inseparável do grande Sherlock Holmes, o encontro e a motivação foram tão intensos que Watson passa a não mais precisar frequentar seu psicólogo e seu psiquiatra, pois encontrou um novo sentido para a vida.
Após um tempo trabalhando com Sherlock, John se casa. A partir de então parecia que a vida dos dois mudaria. Separados, Sherlock começa a investigar um novo caso sozinho, porém o destino os uniria novamente. Já Dr. Watson, levando uma vida familiar, fazendo um papel de bom vizinho aonde mora, vai até uma área suburbana onde usuários de drogas viviam para resgatar o marido de sua vizinha. No local, qual foi a surpresa de Dr. Watson ao encontrar ali, seu amigo, Sherlock possivelmente se consumindo no uso de entorpecentes. Mas Sherlock não estava ali por acaso. Tratava se de um disfarce para investigar um novo caso, uma intrigante historia de um poderoso dono de jornal que mantinha pessoas da alta sociedade como reféns por ter informações privilegiadas sobre as mesmas em seu poder. Um novo caso, isto era o que faltava para tornar a unir a dupla de investigadores.
Chegamos então ao ponto chave o qual desejo destacar nesta resenha. Durante a investigação do novo caso, Sherlock e Dr. Watson desafiam o poderoso chefão, porém, o alvo nesta investigação, era também alvo de muitas pessoas. Neste caso, surge então de forma surpreendente mais alguém que deseja por fim ao poderoso dono do jornal. Para investigar seu alvo, Sherlock, com a ajuda de Dr. Watson, invade o escritório deste e, para sua surpresa, já havia alguém a sua frente, alguém da um tiro em Sherlock deixando-o em risco de morte, este alguém é nada menos que a esposa de seu fiel escudeiro, Dr. John Watson.
Sherlock, após se recuperar, trata de investigar quem é então a esposa de seu amigo e descobre que, assim como ele, trata-se de alguém que presta serviços a parte no âmbito criminal, ao que parece, uma antiga espiã de serviços de inteligência. Fiel a seu amigo, Sherlock revela a Dr. Watson a verdadeira face de sua esposa. Indignado, Dr. Watson se vê então frente a um dilema. Como ele pode em sua vida tomar este caminho? Primeiro se tornando um soldado de guerra, depois, consecutivamente se envolver numa relação com dois “psicopatas”, sociopata funcional, lhe corrige Sherlock. Mas o próprio Sherlock vai lhe apontar como isto ocorreu mostrando que John é viciado em certo estilo de vida, é absolutamente atraído por situações e por pessoas perigosas e que ele fez em si tais escolhas. Pergunto-me então, teria John Watson realmente feito tais escolhas?
Tratando-se de uma obra de ficção, não encontrei informações que me indicassem de forma clara qual a origem deste personagem, muito vagamente encontro informações no site Wikipédia que dão conta de que John Watson, quando criança, perdeu um irmão devido a problemas com bebidas, ficou órfão de mãe ainda criança e ter se mudado então para a Austrália onde passou parte de sua infância mudando-se posteriormente para a Inglaterra para completar seus estudos.
Conforme já dito, pouco temos de informações sobre a infância deste personagem,  o que nos abre possibilidades para pensarmos sobre o assunto. O que aconteceu em sua infância? Como era a vida de seus pais? Houve perdas? Sim, parece que sim. John vai então para a Austrália e depois, para Inglaterra, o que buscava? O que Buscamos?
John Watson mostra-se então um ser desinquieto e que se coloca sempre em situação de perigo. Freud (1925) no texto Inibições, Sintomas e Ansiedade, nos diz que “...há duas formas como a ansiedade pode surgir: de uma maneira inadequada, quando tenha ocorrido uma nova situação de perigo, ou de uma maneira conveniente, a fim de dar um sinal e impedir que tal situação ocorra” Freud, 1925, Pág. 158. Na trama ora estudada nesta resenha, nos não podemos ter claramente quais as situações de perigo ocorridas no passado, mas podemos ver claramente que John Watson segue repetindo e se colocando numa nova situação de perigo. Parece que o mesmo vive uma ansiedade que o coloca nesta situação para evitar que algo aconteça, ou para reviver uma situação, de qualquer forma não possuo elementos que me possibilitem chegar a uma conclusão, nem mesmo a possibilidade de ter John para uma conversa.
A questão que fica então, e que para muitos pode vir a ser útil é: Realizamos em nossa vida alguma escolha? Ou estamos impelidos a uma sequência de repetições a atos que realizamos sem um mínimo de consciência. Penso haver sim possibilidades para que se possa ter um pouco de autonomia, mas tal autonomia exigirá do sujeito um mínimo de esforço, algo que, na contemporaneidade, parece que cada dia menos pessoas estão dispostas a pagar este preço. Um mundo onde pessoas preferem se dopar de diversas formas, a se haver com suas questões pessoais, se é escolhem isto...







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