sábado, 29 de setembro de 2012

DEUS É A SOLUÇÃO.

 
O irmão de um amigo meu passa mal, ele o leva ao hospital para uma consulta médica, os sintomas são: Tremores, sudorese, dor  torácica  e outros, após ser medicado com um calmante o mesmo se estabiliza, trata-se de um etilista crônico, sem muitas perspectivas na vida e situado em um contexto social que o encaminhou a tal situação.
Após o fato ocorrido, ouço de meu amigo a seguinte afirmação: ´´ É só Deus para dar um jeito, ele tem que ser levado para a Igreja ``.
Sei que esta não é a primeira vez que tal situação ocorre, conheço o caso a alguns anos e sei também que outras vezes já tentaram, em vão, resolver o problema citado buscando Deus através da religião.
É só Deus, esta afirmação ecoa em meus pensamentos, não duvido do poder de intervenção milagrosa divina, acredito no poder de cura através de Deus, mas se Deus pode, então porque este rapaz encontra-se nesta situação, ele já foi para a Igreja um tempo atrás e continua na mesma, por que o problema não se resolveu.
Reflito sobre o caso, sobre a presença de Deus como forma de cura e sobre a intervenção religiosa, creio no poder de Deus, mas, quanto à intervenção religiosa, vejo sua necessidade e sua importância, porém a forma em que a mesma leva o ser a Deus ou vice versa, é passível de ser questionada em alguns seguimentos.
Quando o indivíduo vai a Igreja buscando encontrar se com Deus ele busca, igualmente, a solução para um conflito interior ou a solução para outro problema qualquer, no interior da instituição religiosa o mesmo será acolhido, este acolhimento é algo bom e que, em alguns casos, resultará positivamente na vida desta pessoa, receberá o amparo de um grupo social e junto dos mesmos rogará a Deus pela solução do problema enfrentado. Neste contexto, aquele que vai a busca de uma solução, viverá naquele meio a espera de uma solução, com o passar do tempo, se esta solução não ocorre como se esperava, o mesmo volta então ao seu estagio inicial, ou em alguns casos pior que antes.
A proposta realizada por alguns seguimentos do pensamento religioso me parece equivocada quando, apresenta ao ser, um Deus pré-moldado, apresentar um Deus desta forma é o mesmo que apresentar uma proposta de alienação, é impedir o ser de pensar  e assim impedi-lo de se encontrar com Deus  no seu interior. Outra forma em que o pensamento religioso apresenta Deus é através do milagre, um Deus que, como em um conto de fadas, realiza tudo em um piscar de olhos, como este fato não se dá, ocorre a descrença em Deus e na religião, ocorre ainda a descrença pior, a  descrença em si mesmo.
Em um mundo contemporâneo onde o conhecimento se expandiu, as tecnologias e as ciências evoluíram, faz se necessário também à evolução do pensamento religioso, é preciso uma reformulação do conceito de como se apresentar Deus ao homem, seria melhor que se apresentasse o homem a Deus e a partir dai permita que ele o conheça, penso ser importante a revolução deste pensamento, ou melhor, a evolução do mesmo, é algo primordial ao futuro da teoria religiosa, esta é importante para o ser e para a sociedade e é bom que siga seu proposito no universo.
Temos visto algumas religiões perderem muitos adeptos ao longo do tempo e outras arrastarem multidões, é preciso cuidado, pois, em muitos casos, estas que atraem multidões, aproveitam da condição miserável do ser e o torna escravo da mesma e de sua doutrina, pode se constatar este fato na história, na idade média a Igreja era a grande detentora de bens e, uma grande massa lhe servia, hoje algumas Igrejas possuem fortunas e arrastam multidões, não estariam elas vendendo indulgencias de uma forma diferente ? Deixo as resposta por conta de quem fizer esta leitura, um abraço a todos.

 

 

 

 

 

 

 



 

 

 

sábado, 8 de setembro de 2012

Religião,Homem,Deus.

É comum haver diversos pensamentos religiosos os quais pregão de forma persuasiva  existência de Deus, tive a oportunidade de atuar como coordenador em um movimento durante cinco anos, neste período adquiri uma visão unilateral sobre Deus, o discurso utilizado era sobre um Deus uno, santo, poderoso, amoroso, este Deus estava presente em nosso princípio religioso o qual era o único certo, não foram raros os momentos em que presenciei ou até executei pregações contra outras religiões e contra outros formas de viver do ser humano.
Há dois anos me afastei de meus trabalhos frente ao grupo e também da Igreja, neste período estive próximo a desenvolver um ateísmo religioso e divino, torno-me internamente crítico ao pensamento religioso e questiono o bem e o mal que fazem as ideologias implantadas pelas religiões em nosso mundo atual.
 
Durante este período me deparei com algumas situações que diria inusitadas caso não acontecessem com certa frequência, exemplos cito os presenciados no hospital no qual trabalho atualmente, dois casos em particular me chamaram a atenção, uma jovem senhora  apresentando um câncer de mama em fase terminal, o tratamento foi iniciado tardiamente devido a mesma não procurar ajuda médica, estava fazendo um propósito religioso incentivado pela igreja da qual fazia parte e esperando um milagre, um outro caso foi um Jovem senhor, este possuía uma hemorragia digestiva intensa, necessitava passar por um procedimento o qual recusou devido sua convicção religiosa não permitir, este senhor se recuperou e tive a oportunidade de conversar com o mesmo posteriormente, ouvir suas opiniões e convicções, a jovem senhora foi transferida de hospital e não mais a vi.
Dia destes, após uma aula, eu e mais três colegas de curso, ficamos a conversar por algum tempo no pátio da universidade, entre os assuntos surge religião e Deus, um dos participantes do diálogo diz que, uma coisa da qual não abre mão é sua convicção sobre Deus, diz ter uma experiência de sua presença em um momento difícil, discutimos um pouco mais o assunto,  chegamos a uma opinião comum que, a religião é importante, o que deve ser evitado é a criação de um modelo divino baseado na experiência de uma pessoa, a experiência que minha colega teve é só dela e é importante, porém outras pessoas terão outras experiências  diferentes e igualmente importantes, nossa conversa se estendeu um pouco mais e, como já ia ficando tarde, cada um segue seu caminho.
Após este dia tenho refletido sobre o assunto, noto e reconheço importância do pensamento religioso, a importância de se ter uma fé, o problema esta no fundamentalismo religioso executado a partir da fé, nossa população possui um nível cultural baixíssimo e é sofrida, em cima deste sofrimento, algumas doutrinas religiosas, não digo todas por não conhecer todas porém as que conheço em algum momento promovem o que relato, levam o ser a se prender, a não buscar o seu desenvolvimento próprio, a serem conduzidas como um rebanho,  em uma tentativa de se levar Deus até o ser, desta forma acabam por não permitir que o ser se encontre com Deus, que não tenha sua própria experiência com Deus o qual penso estar dentro de cada um, Nietzsche  em a Genealogia da moram diz: `` O homem preferira ainda o nada a nada querer´´  se referindo ao fato de que, em sua opinião, as religiões não levariam o homem a nada por não se ter certeza sobre o que há por vir, por outro lado diz que, mesmo nesta incerteza, o homem a preferirá  por não ter uma opção melhor.
Não penso ser o pensamento religioso algo que não leve a nada, como assim dizia o filósofo, noto porém,  a necessidade que as religiões promovam a libertação do ser, não o escravizar propagando doutrinas de repressão e julgamentos o que o levaria a se  sentir no direito de julgar o outro, importante uma doutrina mas é preciso também respeitar o outro, é preciso permitir o desenvolvimento do outro, permitir que o mesmo se encontre com ele mesmo e assim encontre-se com Deus, Deus pode até ser uno, mas manifestar-se a diferentemente em cada ser e isto preciso ser respeitado .
Nos dias atuais surgem a cada dia uma doutrina religiosa, que o ser busque aquela a qual o leve ao seu encontro com Deus mas, que o mesmo não pense ser  esta uma receita pré-definida para todos, que as denominações religiosas não se sintam neste direito, somos seres unos impulsionados pela coletividade, pela cultura e pela sociedade, não há como fugirmos desta realidade, mas que o próprio ser e sua subjetividade não seja colocado em segundo plano.