sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

SER FELIZ VIVENDO A VIDA COMO ELA É. UM DESAFIO.

  Palavras Chave: Viver, Ser feliz, Capitalismo, Falta de tempo.

Recentemente redigi um texto sobre a questão do tempo, na ocasião citei a opinião de um chefe indígena a respeito do modo de vida do Papalagui, ou seja, o homem branco Europeu.
Em minha dissertação, explorei sobre os modos de vida atuais, sobre a correria do dia a dia, sobre como o homem vive em uma ânsia pelo futuro, não se permitindo ser feliz no tempo presente, sempre estando insatisfeito com o que se tem hoje, sempre desejando algo mais, desejando que um dia se acabe para que chegue logo o outro, desejando o fim de um ano, para que o outro chegue, nunca está satisfeito, este fato torna o homem ansioso, sendo está ansiedade um fator negativo à felicidade.
No livro, O mundo como vontade e representação, Schopenhauer afirma: ´´Porquanto cada aspiração nasce duma necessidade, dum descontentamento com o próprio estado, existe, portanto, sofrimento até que tal aspiração não seja satisfeita, mas não existe satisfação durável, esta não é senão o ponto de partida duma nova aspiração. ´´ Afirma assim que o homem é cheio de desejos, os quais nunca são finitos, sendo que um desejo realizado sempre produzirá outro, que a satisfação é passageira, sempre desejará algo mais, já  Tuiávii, o referido chefe indígena do livro O Papalagui, escrito entre 1914 e 1915, criticava veementemente a cultura europeia, os modos capitalistas e a forma que se vivia em função do tempo e do dinheiro, nos dias atuais, com a cultura que se vive, dificilmente se livrará o homem dos costumes consumistas estabelecidos pelo capitalismo, o modo de se viver defendido por Tuiávii não poderá ser estabelecido, somos uma sociedade consumista, mas, este não deve ser um empecilho a felicidade do homem, hoje, penso não ser possível abandonar as ambições quotidianas, penso inclusive não ser bom que o homem se acomode, é preciso sonhar, é preciso desejar, inclusive desejar viver, há casos em que o ser se acomoda na vida, caindo em um estado que adoece, impedindo o homem de caminhar, vivendo a mercê da sociedade, muitas vezes em condições subumanas.
 
Frente aos fatos apresentados surge então uma questão, é possível ao homem ser feliz sem abandonar os anseios promovidos pelo capitalismo?
Numa sociedade ambiciosa e consumista, poderá o indivíduo desenvolver um quadro de ansiedade pelo futuro, querendo sempre mais e mais, como o caso do ser descrito por Schopenhauer, podendo ainda em alguns casos desenvolver um quadro de frustração por não conseguir chegar a um estado de plenitude, por este ângulo, parece bom à felicidade, que o homem se desapegue de bens materiais, parece melhor um modelo social conforme o vivido por Tuiávii e sua tribo, porém, um modelo social conforme defendido por Tuiávii não me parece possível de ser implantado nos moldes do mundo atual, hoje, se o homem não correr atrás, não conseguirá se estabelecer socialmente, viverá a mercê da sociedade, conforme já dito anteriormente, estabelece assim a problemática, como se posicionar frente as questões propostas, se deixar levar pelos anseios consumistas corre se o risco de se frustrar ou se tornar ansioso, deixar de lado uma cultura capitalista poderá fazer do homem um ser acomodado, isto colocará este ser em uma casta inferior, isto do ponto de vista da própria sociedade capitalista, como então se posicionar em busca da felicidade ?
Ser feliz é um estado de cada ser, uma resposta aqui sobre como ser feliz pode não ser viável, cada ser é uno, devendo ser respeitado em sua individualidade, encontrando cada qual a seu modo, uma forma de ser feliz, entretanto, dentro do tema proposto, penso não ser bom que o homem esteja acomodado, o comodismo o impede de viver, frente aos desejos capitalistas, penso ser preciso se posicionar de forma adequada, os desejos consumistas não são o grande pecado, o que deve ser evitado é que, em função de se desejar algo mais, não se enxergue o que se tem, em função de um novo ano que chega, despreze o tempo presente, viver em função do futuro pode ser um sinônimo de não viver, se não vivo o hoje, o agora, na realidade, não vivo, desejar ardentemente o futuro pode se tornar um ciclo viciante e sempre estará o ser em função deste, podemos aqui encaixar o conceito do chefe Tuiávii sobre o tempo, pensar menos no tempo e viver mais o tempo, cada um a seu modo, seria demagogia a afirmação popular que diz: `` Não importa o que o homem tenha, importa o que ele seja.´´, somos em parte o que temos e o que carregamos culturalmente, importe enxergar este fato, assim, procurando aqui não criar uma fórmula para a felicidade, reflito e opino, deseje e busque o que de melhor o mundo lhe puder oferecer, apenas não se esqueça, o amanhã ainda não existe, viva o presente.
 
 Referência bibliográfica:
Versão eletrônica do livro quatro (4) da obra “O Mundo como Vontade e Representação”
Autor: Arthur Schopenhauer
Tradução: Heraldo Barbuy
Créditos da digitalização: Membros do grupo de discussão Acrópolis (Filosofia)
Homepage do grupo: http://br.egroups.com/group/acropolis/

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O TEMPO QUE TEMOS PARA VIVER.

Palavras chave: Tempo, vida, felicidade, alegria, trabalho.

 
Chegado o final de mais um ano, muitos desejaram este momento, passamos por este que se vai ansiosos pelo ano que vem, novas expectativas, novos planos, mas, não eram estes mesmos os anseios que nos cercaram ao final dos anos anteriores ? Sim, por anos a fio sempre estivemos esperançosos por um tempo melhor, desejamos ardentemente a chegada de 2013, mas quando este vier, após um curto período, desejaremos que acabe logo. Estaríamos aproveitando bem nosso tempo, estaríamos vivendo? O livro, O Papalagui, nos traz uma série de reflexões sobre nossa vida a partir do ponto de vista de um Chefe Indígena, entre elas a questão do tempo.
Conta o Livro que, Tuiávii, senhor e chefe da aldeia de Tiavéa localizada na pequena ilha de Upolu, no arquipélago de Samoa, faz uma visita a Europa, em sua temporada, o mesmo observa os hábitos do Papalagui, ou seja, o homem branco civilizado, dentre suas diversas considerações, cita a questão do tempo, de como o homem branco vive e como o mesmo é consumido pela ânsia provocada em função da noção que tem de tempo, sendo este, a partir do ponto de vista de Tuiávii , um grande mal ao homem civilizado, os homens, as mulheres e até as crianças carregam consigo uma máquina do tempo, diz Tuiávii se referindo ao relógio, o fato de o homem branco fazer tanta referência ao tempo, não deixa que o mesmo viva este tempo, igualmente, vive em função deste, se deseja fazer qualquer atividade que lhe de prazer, o  mesmo não se dará por completo, pois, fatalmente, este estará condicionado ao tempo, quando foi questionado sobre quantos anos tinha, respondeu : Não sei, quando insistiam, calava-se e pensava: Melhor não saber, ter tantos anos, significa ter vivido um tanto de luas, dizia Tuiávii, quando o homem tem consciência de quantas luas se vive, o mesmo sabendo quantas já se passou, saberá que seu  fim está próximo, a partir  de então, perderá a alegria de viver, morrendo em pouco tempo.
Nos dias atuais, em um mundo globalizado e tomado pelo desenvolvimento tecnológico, estaria o homem, em função do tempo, deixando de viver?  Alguns fatos nos levam a pensar que sim, hoje vive- se cercado de compromissos, estes se tornaram obrigações, com hora para começar e terminar, as atividades corriqueiras do dia a dia são transformadas em um pesado fardo, não há prazer no que se faz, o trabalho se dá em função do capitalismo, o estudo também, esta é  outra crítica de Tuiávii ao Papalagui, dizia que o homem branco vivia em função do metal redondo e do papel pesado, se referindo ao dinheiro, este era o seu Deus, o qual, quanto mais se tem, mais se quer, assim, entra ano e sai ano, e o homem que se diz civilizado, que tem o poder sobre as tecnologias, vai se tornado rapidamente escravo da mesma, não tendo consigo a alegria de viver, o que há são momentos alegres, a vida tornou se um pesado fardo a se carregar.
Nos dias atuais o homem não terá muitas opções para fugir dos compromissos e da correria do dia a dia, o mesmo se desenvolveu e acompanhou o desenvolvimento capitalista, um caminho, diria, sem volta, mas com a possibilidade de se aprender a conviver com os fatos, estabelecendo uma relação de prazer para com as tarefas desenvolvidas no cotidiano, é possível traçar um novo olhar para o mundo, para a vida e para o tempo, desta forma, deixará o homem de viver cada dia desejando que o mesmo se acabe, uma mudança de postura proporcionará ao homem uma melhor qualidade de vida, possibilitando aproveitá-la da melhor forma possível, afinal, o tempo do homem é muito curto para que seja perdido, mas, é curto exatamente porque se preocupa com o mesmo, lembro-me de quando criança, demorava uma eternidade para que se passasse um ano, hoje, parece que um ano passa em um piscar de olhos, teria o relógio acelerado? Não, o que mudou foi a forma de se ver o mundo, um jeito, diria, ``idiota´´ de se viver, portanto, esqueça-se o tempo, ninguém pode dizer que o ano que virá será melhor que o que o atual, posso fazer algo para que seja, mas não devo deixar de viver a alegria do presente pensando no futuro, assim, viva intensamente o presente, seja lá fazendo o que for, seja simplesmente, feliz.
Um Abraço.