quarta-feira, 21 de novembro de 2012

CONFLITO DE IDENTIDADE.


CONFLITO DE IDENTIDADES NO RELACIONAMENTO ENTRE HOMEM E MULHER NAS RELAÇÕES CONJUGAIS.

Reflexão realizada a partir da leitura do Texto `` EM DEFESA DA FAMÍLIA TENTACULAR´´ de Maria Rita Kehl, Psicanalista, escritora e doutora em Psicanálise pela PUC-SP.

 Vivemos um constante processo de mudanças e adaptações, algumas destas acontecem de forma rápida, provocam conflito intenso, porém exige um rápido processo de adaptação, fazendo com que tudo retorne ao eixo sem que se dê conta da mudança, outras ocorrem lentamente através de longos anos, não sendo perceptíveis no dia a dia, para que se visualize, é necessário lançar um olhar do presente ao passado, observando os comportamentos, analisando as mudanças e conflitos provocados, neste contexto, o relacionamento entre homem e mulher dentro do matrimônio é um bom exemplo, o mesmo sofreu mudanças ao longo dos anos, está foi uma mudança lenta, uma mudança que engloba fatores sociais históricos, hoje, vivem-se conflitos dentro das relações, os modelos familiares mudaram, o conceito de família ampliou-se, surgiram outros modelos além  dos tradicionalmente estabelecidos, estaria a sociedade apta a aceitar estes novos modelos ? Dentro dos relacionamentos tradicionais, estaria o homem e a mulher aptos aos novos modelos e às mudanças ocorridas ao longo do tempo?

Conforme enunciado pelo artigo tomado por base para esta reflexão, o modelo familiar que hoje se segue, teve inicio em meados do século XIX, sendo criado para atender as necessidades da sociedade Burguesa em ascensão, neste período estabelece-se o modelo patriarcal, hierarquicamente o homem é o detentor do poder, a mulher exerce um papel submisso financeiro e sexual, mas este modelo sofrerá alterações ao longo dos tempos, a mulher conquista sua independência financeira em função de sua inserção no mercado de trabalho, e também sua independência sexual, tendo para isto contribuído notoriamente a descoberta de técnicas anticoncepcionais, permitindo que a mulher também buscasse seu prazer, mas esta emancipação sexual e profissional da mulher trás consequências, Elsa Berquó, autora citada na obra, afirma que : ´´Casar, ter filhos e se separar, leva cada vez menos tempo``. Outro fato citado é que, atualmente, há um número maior de mulheres sozinhas com filhos para criar, este novo cenário propicia novas formas de vida onde não se alterará a necessidade de homens e mulheres se relacionar e criarem filhos, porém, surgem novas possibilidades, a mulher não mais precisa estar submissa ao homem, ela adquiriu sua independência, por outro lado o homem perdeu seu poder, tornou-se, digamos, domesticado, não é mais o senhor da verdade como outrora o fora, agora o homem também exercerá papeis anteriormente destinado à mulher, cuidar do lar e dos filhos, dividir as tarefas, o homem participa deste processo  mas, ainda não está completamente adaptado  a ele, sentirá falta de ser o senhor do lar, sentirá até mesmo falta do cuidado que a mulher lhe dispensava anteriormente, em outra via, a mulher adquire sua independência, mas perde a proteção de estar dentro do lar, de ter a proteção do marido, seu papel de mãe e cuidadora não é mais o mesmo, visualizando o modelo anterior, em diversos momentos ela o desejará, existe ainda outro fator de grande influencia, a sociedade, esta vem com diversos discursos, posicionar-se a favor do modelo familiar anterior, apontando os diversos problemas sociais existentes como consequência de tais mudanças estruturais, como se a família fosse a única responsável pela manutenção da ordem social, não ampliando seu olhar para outros fatores existentes, colocando sobre o indivíduo uma sensação de insegurança, mal estar e desconforto para consigo mesmo, tendo este dificuldade para estabelecer-se em um novo modelo existente, traçando paralelos entre presente e passado, em suma, a dificuldade de adaptação do novo modelo, se dará em função de pressões externas exercidas, caso o homem não possuísse uma ideia anterior,  os novos modelos seriam tranquilamente aceitáveis.

Muito embora as relações conjugais mudem ao longo dos anos, o sujeito homem, no sentido genérico do ser, apresenta ao longo dos processos uma contínua necessidade de se estar em um relacionamento, mas, não se encontra mais preso a ele, adquiriu-se a liberdade de escolha e de mudança, este sentimento de liberdade faz bem a estima do ser, mas é reprimido  pelos costumes sociais, esta repressão causa angustia ao indivíduo moderno, isto, referindo ao fato de que, alguns indivíduos, ainda se encontram situados em um contexto anterior, onde mulher e homem exercem papeis distintos dentro do relacionamento, estes exemplos tornam se cada vez mais escassos, tendendo a sociedade nas próximas décadas a alcançar um nível maior de aceitação para os novos modelos familiares o mesmo acontecendo com as relações homossexuais, livrar-se de todo tipo de preconceito e julgamentos, é algo que fará bem ao homem, a família, e a sociedade, tais sentimentos e atitudes fazem mal a todos, inclusive no quesito família, um filho, o qual conviveu com a separação dos pais, pode ter uma aceitação melhor da situação e ainda se adaptar melhor ao contexto de família tentacular caso não sofra pressão social sobre si, juntamente a eles, os pais terão maior liberdade para exercer seus papéis e, paralelemente, reconstruírem suas vidas, assim, o apego ao passado e suas tradições, mostra-se notoriamente contra quem a ele se apega, devendo ser visto sim, como construção de um processo, e não como um processo já construído.

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